6 de mai. de 2011

O que é a medicina nuclear?



A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza materiais radioativos com fins diagnósticos e terapêuticos. A maioria dos procedimentos diagnósticos consiste na obtenção de imagens (chamadas de mapeamento ou cintilografia), que mostram a concentração de materiais radioativos nos órgãos do paciente. O termo “cintilografia” provém do equipamento que detecta o material radioativo, chamado de câmara de cintilação. O aparelho tem este nome porque emite uma pequena luminosidade (ou cintilação) ao detectar a radiação proveniente do paciente, e é esta cintilação que será convertida no sinal que irá formar a imagem.
A cintilografia é diferente de outros métodos de imagem, como por exemplo a radiografia simples ou o ultra-som, porque tem por objetivo avaliar a função dos órgãos e não apenas sua morfologia. A avaliação funcional é baseada na capacidade que os órgãos e células do nosso organismo têm de concentrar e metabolizar diferentes substâncias. Ao administrarmos compostos radioativos semelhantes a estas substâncias naturalmente concentradas ou metabolizadas, passamos a ser capazes de “enxergar” como é que nossos órgãos e células estão trabalhando.
Muitos compostos radioativos ou radiofármacos diferentes podem ser utilizados para estudar a função de diferentes estruturas. Deste modo, um tecido doente que tenha perdido a capacidade de concentrar alguma substância será visto como uma área de menor captação do radiofármaco na cintilografia. Também pode acontecer de um tecido doente apresentar excessiva afinidade por outros compostos, aparecendo em um outro exame de medicina nuclear como uma área com aumento da captação de radiofármacos.
Como exemplo dos conceitos citados acima, podemos citar a cintilografia da tireóide. A cintilografia da tireóide pode ser feita com o iodo radioativo, um elemento quimicamente idêntico ao iodo encontrado na alimentação e que serve como base para a síntese dos hormônios da tireóide. A cintilografia da tireóide irá demonstrar quais as áreas da tireóide que estão sintetizando muito hormônio (que irão apresentar excessiva concentração do iodo radioativo) e as áreas que estão sintetizando pouco hormônio (com baixa concentração do iodo).
O intervalo entre a administração do material radioativo por via intravenosa ou oral e a sua concentração irá depender de qual o composto utilizado e qual a velocidade do metabolismo no órgão estudado. Por este motivo, o intervalo para iniciar a obtenção das imagens e a duração do estudo é diferente para cada tipo de cintilografia.
As doses de radiação dos procedimentos diagnósticos em Medicina Nuclear são baixas e não provocam efeitos colaterais, sendo semelhantes às doses de um estudo radiológico convencional. Apesar da baixa dose de radiação, os estudos de Medicina Nuclear não devem ser realizados em mulheres grávidas. As pacientes que estejam amamentando devem procurar orientação médica antes da marcação do exame. Não costuma existir qualquer outro tipo de reação aos materiais injetados.
Radiação - riscos e benefícios
Por: Luiz Fernando Malvestiti
Denomina-se radiação qualquer forma de propagação de energia. No caso da medicina nuclear, os materiais usados emitem um tipo de radiação denominada de radiação gama, muito semelhante aos raios X. É a detecção desta radiação que permite a obtenção das imagens em medicina nuclear e outros métodos radiológicos. Assim como as ondas de rádio ou televisão, a radiação gama é um tipo de onda eletromagnética, porém com maior energia, sendo capaz de penetrar ou atravessar a matéria. A interação da radiação gama ou dos raios X com a matéria produz íons (átomos com carga elétrica), motivo pelo qual são chamadas de radiações ionizantes. No corpo humano a ionização se faz principalmente pela quebra de moléculas de água levando a formação dos chamados radicais livres.
Há um grande mito relacionado ao uso da radiação, principalmente pelo fato de associá-la a riscos como os de um vazamento em usinas nucleares ou de acidentes como o ocorrido em Goiânia. É necessário esclarecer que apesar de o termo radiação ser o mesmo, as diferenças são enormes em suas diferentes aplicações: no caso do acidente em Goiânia, tratava-se de uma material que emitia radiação de alta energia e de meia-vida longa (césio-137, meia-vida: 30 anos, energia = 662 keV); no caso de um reator nuclear (como o de Chernobyl) as quantidades de material utilizadas são altamente radioativas, pois implicam na liberação de grande quantidade de energia para obtenção de eletricidade.
Bastante diferente destes casos é a aplicação de material radioativo com fins diagnósticos. Nesta situação a quantidade de energia liberada pelo material radioativo é a menor possível, apenas o suficiente para fornecer a informação diagnóstica necessária. Da mesma forma, a meia-vida também é pequena, de forma que o material seja rapidamente eliminado. Além disso, como o material geralmente não tem finalidade terapêutica, não há necessidade de utilizar um material de alta energia como o césio-137.
O principal material empregado em medicina nuclear é o tecnécio-99m, correspondendo a 80-90% dos exames realizados.O tecnécio-99m emite radiação com energia de 140 keV e com meia vida de 6 horas, ou seja, a cada 6 horas a radiação emitida cai pela metade. Os 10-20% restantes dos exames são realizados com tálio-201 (meia vida de 3 dias), gálio-67 (meia vida de 3 dias), iodo-131 (meia vida de 8 dias) e flúor-18 (meia vida de 2 horas). Exatamente por apresentar uma rápida redução da atividade é que estes materiais podem ser administrados com segurança para os pacientes, sem causar complicações ou efeitos colaterais. Por todos esses motivos, a quantidade de radiação envolvida nos exames de medicina nuclear é pequena. Vejamos alguns exemplos de doses de radiação proporcionados por alguns exames:
ExameDose Absorvida (mGy)
Raio-X de coluna lombar (perfil)30
Exposição Ambiental: altitude= 2 km, latitude = 50°1,7/ano
Cintilografia Óssea5
O exame de cintilografia óssea foi tomado como exemplo por ser um procedimento bastante freqüente em medicina nuclear. Como pode ser visto, a dose absorvida de radiação pelo paciente é inferior a outros procedimentos diagnósticos. Além da cintilografia óssea, uma quantidade muito grande de exames é realizada em medicina nuclear, fornecendo informações e diagnósticos que, em muitos casos, não seriam possíveis por outros métodos diagnósticos.

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